quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Menino do Rio

Rio de Janeiro, Catacumba e Marcus Fleury - 1959 !

Antes de Cateano e Petit,
Havia Marcus Fleury !

Aí está ele, o menino Marcus, numa foto 10x melhor do que a que eu achei na internet para ilustrar o post 'A Invasão dos Ratos! sobre a Favela da Catacumba - Se Marcus não morava na Fonte da Saudade, não morava muito longe...! Quem sabe, em outra rua, com outra guerra, mais meninos, mais fruteiras e aventuras diversas... Uma outra tribo?  O 'Outro Lado da Lagoa' era longe sim, e tinha no Jardim de Allah, as charretes puxadas a cabritos e bodes...

A bela foto enviada pelo amigo Marcus parece ter sido tirada no final da tarde em algum cais de pescadores próximo à extinta Favela do Pinto! A Fonte da Saudade e a Lagoa, era um plano contínuo... Nosso horizonte uma vez por ano crescia e se iluminava à noite com a Feira da Providência... Suas margens não tinham os manguezais de hoje plantados pelo Mario Moscatelli, mas tinha uma grande figueira na altura da Curva do Calombo... mais precisamente dentro do Clube Botafogo de Remo. Nesta, tinha uma casa na árvore... Outro ponto notável, criado por --- Americanos ! 

Sim, a casa na árvore deve ter sido construída com grande ajuda do pai da menina Lia e do Rick Lewis...(por sinal, um modelo para mim - cientista, pesquisador, aventureiro, geólogo, orquidófilo, estudioso (e aparentemente), excentrico...) Baster e Guto também participaram ? Ou ficaram só de hóspedes ???  


domingo, 9 de janeiro de 2011

Vizinho eu é vizinho se avizinha na vizinhança...


Estou eu em Paris, curtindo o Natal com neve e tudo e, ao mandar meu cartão de Natal atrasado, pois a foto de que gostei só foi tirada no dia 26 de dezembro, eis que recebo de volta um e-mail: Tá na vizinhança????

Foi uma alegria imensa rever o Philip depois de mais de 40 anos!!!! Ele também estava aqui em Paris, onde mora com a Yvonne, que é um amor de pessoa, e ambos vieram aqui uma noite pra nós dois nos lembrarmos das guerras da ISL e contarmos pro Tico e pra Yvonne com que tipo de meliantes eles se casaram!!!

Foi um reencontro de deixar a turma toda da Fonte da Saudade com inveja!! Qual de vocês encontrou o Philip, ou qualquer outro dos americanos, sem fazer guerra, tomou champagne, riu muito e relembrou os velhos tempos???

Tá a nossa foto aí pra provar! Vizinho que é vizinho, se avizinha em qualquer lugar, seja na Fonte da Saudade, (ah, que saudade) seja em Paris!!
Achei ótimo e chiquérrimo ter um vizinho em Paris!!!!

Very cool indeed, n’ est pas?

Deborah

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A invasão dos ratos !

(foto acima do blog http://valacomum.wordpress.com/)
           Foi em 1970... o ano da Copa! me lembro bem disso e da festa toda... Mas me lembro bem de que em 69, ou 70, 'acabaram' com a favela da Catacumba. Milhares de barracos, famílias, lixo, e ratos... Quando tiraram o povo, deixaram os barracos... creio que pra facilitar o trabalho de remoção, tacaram fogo.... Resultado, até então os ratos estavam sobrevivendo no que tinha sobrado... O fogo os tocou pra longe... Longe como a Fonte da Saudade...Longe como a Sacopã... Vieram pela mata, aos milhares, com fome, procurando abrigo, mas principalmente comida...E minha criação de galinhas? Bom, posso te contar, que matei um bocado de ratazanas com a espingarda calibre 22 que tinhamos em casa... No cair da noite, eu ficava sobre os pilotis da casa, por cima da área onde ficava 'o galinheiro'... Eu atirava (modéstia à parte) bem, e um tiro por ratazana bastava... Chumbinho, não resolvia...
             Pra mim foi uma 'educação'. Não se brinca com ratazana com fome! Elas atacaram, e quase acabaram com todos os pintos, franguinhos e peruzinhos da minha criação. Mataram também seus primos, uns hamsters que eu tinha em outro viveiro...Acho que por pouco não comeram os gatos da rua! Não apenas matavam os pintos, mas comiam apenas os papos com ração !, acho que não estavam precisando tanto da proteína quanto da energia... Não consegui acabar com as invasoras...o que restou foi uma repulsa séria a este tipo de roedor...Muitas casas da Fonte da Saudade e Epitácio Pessoa tiveram problemas com os cães atacando as invasoras.
(do site - http://www.acores.net)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Morcegos, Mercúrio e Plantas Carnívoras

Morcegos é o que não nos faltavam no quintal da Sacopã 68. Além das bananeiras, encostadas no muro ao final da Ildefonso Simões Lopes, tinhamos um pé de sapotí... Assim, na épcoa em que o muro, não mais estava de pé, no bom ano de 1967, em troca de 'da iniciação científica' que recebí na residência Lattes, com Lulú fazendo ensaios demonstrando o comportamento bizarro do elemento Mercúrio (devidamente extraído de termometros velhos provavelmente trazido por Cesar), mostrei a Lulú nossa 'criação' de morcegos... No cair da noite, eles vinham visitar as bananeiras e dar vôos rasantes no pé de sapotí, beliscando e basicamente derrubando os sapotís maduros... Nunca tive coragem de comer sapotís por conta de achar que estariam todos de alguma forma 'contaminados'. No chão de taco da casa dos Lattes, catávamos ou espalhavamos as bolinhas de mercúrio... Muito divertido.

Na área de Biologia, Lulú proporcionou meu primeiro encontro botânico com a família Droseraceae me apresentando o pet da casa Dionaea muscipula.  Apenas anos mais tarde, já estudando Botânica encontrei outras droseras na Serra do Cipó em Minas Gerais...Mas, não eram tão ágeis quanto a pet dos Lattes, que gostavam de receber nossas ofertas de moscas e insetos diversos oferecidos como alimento básico...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Só quero chocolate...

Tim Maia, veio pra Sacopã, meados dos anos 70... Na realidade ele tinha um estudio de gravação musical na Rua Vitória Regia, (futuro nome de sua gravadora) que é a continuação da rua Sacopã até o final, que aliás tem uma vista espetacular para Copacabana... Me lembro bem dele, e seus amigos, músicos ou não sempre alegres e geralmente 'chapados', subindo a rua no bugre aberto... Quando estávamos subindo a rua a pé na volta do colégio ou de alguma perambulação pela Fonte da Saudade e pedíamos carona, algumas vezes ele nos deixava sentar na traseira do buggy até onde precisávamos saltar... Pra mim, em frente ao 68 por favor! Ele tinha um ou dois pastores alemães no estúdio seriamente bravos...



 

domingo, 2 de janeiro de 2011

Limão Siciliano


Era muito cavalo, pra um carro só.... 215!
 

Mesmo para um V6. O ano de fabricação era de 1956, um ano mais novo que eu. Um legítimo 'rabo de peixe' presente no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas, onde só bebia (e como) gasolina azul da boa... Aprendemos a dirigir esta 'jamanta', que era um automático, sem pedal para embreagem e direção hidramática. Que moleza! Fácil!, Mas de fato, o Buickão tinha  uma carcaça assaz pesada...

Os bancos reclinavam ao aperto de botões e se ajustavam com pequenos motores. O rádio era uma potência... O estofamento interior, vermelho e preto. O carro parecia enorme, mas na realidade nós é que éramos pequenos! A fábrica nos EUA vendeu bem este modelo. Seu motor era especial.... (edição Special). Uma vez me lembro de estar sentado ao lado de meu pai, na rua São Clemente, não muito longe da antiga embaixada de Portugal... (Largo dos Leões).  Um pequeno 'Puma' encostou no sinal, e acelerava, provocando o Buick para um duelo à la James Dean. Irritado, creio, meu pai 'aceitou' a briga, e os dois sairam desembestados em direção a Humaitá por alguns segundos/minutos... Resultado: 1 x 1 ... O Puma, com sua carroceria leve e moderna, com marchas que trocavam rapidamente ao comando do motorista, logo tomou a dianteira... Mas, em seguida, os 215 cavalos logo mostraram à potência passando à frente, e tudo poderia ter acabado numa boa pizza no Rei dos Lanches da Humaitá....!

Na foto, Oliver com um contemporâneo do 'Limão' apelido carinhoso que meu pai dava ao Buick pelo 'prazer' que este o proporcionava pelos consertos frequentes que este exigia nos fins de semana e pela cor de limão siciliano que ele tinha...

sábado, 1 de janeiro de 2011

Crazy Horse na Fonte...

Uma  das vantagens do fenômeno da Globalização, os Meninos da Fonte da Saudade tinham aprendido há anos atrás...

Naqueles tempos remotos, Foi nosso colega Claude F. (orígem: Sacopã...) que,  vindo uma vez de Paris, e, descobrindo como a Fonte da Saudade poderia oferecer prazeres mais interessantes e intensos do que o Boulevard Pigalle em Paris, resolveu nos dar uma mãozinha. Claude ia lá (Paris) com frequencia anual e uma vez trouxe sua própria boneca inflável  provavelmente adquirida na loja de 'souvenirs'  do Crazy Horse Saloon...



Bom, a idéia, em geral, segundo me lembro, era de 'educar' os motoristas cariocas que tinham o costume de entrar com grande velocidade vindos da Epitácio Pessoa na Fonte da Saudade, onde muitos de nós brincávamos, e andavamos de bicicleta. Poderiam até atropelar um pedestre !

Assim, apareceu a 'boneca' ....

Confesso que tive a oportunidade de vistoriar os detalhes ginecológicos dela, se é que mesmo os tinha... Mas, ela certamente poderia cumprir esta missão educativa sem problemas...! No cair da noite, a turma instalou a colaboradora francesa, deitada, logo após a curva de entrada na Fonte da Saudade, um pouco antes do prédio do Toninho... Logo apareceu um lençol pra cobrir a pobre moça 'atropelada', e Deborah C. se prontificou a 'doar o 'sangue' necessário (na forma de catchup, é claro), para manchar o lençol da vítima... Velas foram colocadas ao longo do pseudo-cadáver, e a confusão se instalava... Como em Roma (de novo...estes Romanos...) o povo queria ver o sangue, mas não participar muito perto dele... apenas vê-lo escorrer... (Aliás, alguém segue o seriado Dexter?)

Estávamos ficando bons em dirigir o trânsito, reconfortando alguns motoristas mais preocupados que nos pediam informações e ofereceiam a prestar ajuda, que de fato ajuda estava sendo providenciada, e que já vinha uma ambulância..., não adiantava parar...., pois a pessoa estava morta mesmo, e outras baboseiras do gênero, proferidas com seriedade e profissionalismo.... De repente, PQP apareceu uma 'joaninha' ...!!!

Não deu tempo para todos fugirem da 'responsabilidade', os PM's vendo aquele bando de crianças, e provavelmente mais preocupados com outros tipos de meliantes, e sem espaço suficiente no fusca da PM pra levar a turma toda, nos deram uma bronca e disseram pra gente parar com esta coisa, pois em breve viria um camburão e nos levaria, sim, todos pra delegacia....

Hahaha! Claro que faríamos isso ! Obrigado pela Comprensão !

Ficamos mais alegres e entusiasmados, até por achar que tinhamos conseguido algum tipo de pacto com 'as autoridade'....! Pois, que merda... não é que apareceu o tal camburão? Aí sim o pânico se instalou, e foi um corre-corre geral.... Nos escondíamos atrás de muros, dentro de jardins, subíamos as ruas paralelas, dentro de casa de amigos... qq lugar era válido.... Mas, Claude, asmático, não conseguiu correr.. ou não quiz abandonar a menina, e Quinho (Joaquim), o seu personal 'Pelé'  foram os únicos dois, que eu saiba, que tiveram a oportunidade de conhecer o 'conforto' do interior de uma Veraneio da PM (vide imagem puramente ilustrativa abaixo...). Foram levados no 'veículo oficial'  para a Bambina ....(décima quarta???). Enfim, deve ter sido triste Lucien buscar o filho e sua 'namorada parisiense'  além  do fiel Pelé, na delegacia de madrugada....!

Ave Cesar !


Mal sabia eu, que um dia os detalhes de minha vida científica estariam abrigados sob uma homenagem a este físico. Dentro do Currículo Lattes...!

Conhecí pouco este importante pesquisador brasileiro. 


A primeira informação que tive sobre ele veio de minha mãe, que descontente com o desfecho de uma 'reunião' que tivemos numa delegacia local, como desfecho final da nossa 'Guerra', o chamou de 'Grego comedor de alho !'. E eu nem sabia que gregos além do famoso Arroz à la Grega (outro mito que descobrí mais tarde) gostavam de comer alho crú!
Que horror !

Ele, achou hilário! Mas minha mãe não, pois como se recusava a baixar o nível e usar palavrões, isso foi o pior xingamento que ela conseguiu elaborar pra expressar sua raiva na delegacia...

E assim, Cesar Lattes deu como presente de bom vizinho fazendo as pazes, provavelmente com algum pequeno sarcasmo embutido, para o pai dos Americanos, um livro de Platão, autografado... (Onde está????!!!???). 


Mas também, sacanagem né ?, o Aero Willys de Cesar foi uma das vítimas frequentes naqueles tempos... Quem manda? Os Meninos da Fonte da Saudade e na Ildefonso Simões Lopes usavam o Aero como proteção contra o bombardeio aéreo vindo da plataforma aérea erigida no alto de uma das mangueiras no quintal dos americanos, para se aproximar da linha de frente da batalha... Com ou sem os escudos de tampas de lata de lixo, o Aero Willys era um ponto estratégico de apoio... Acho que nada quebramos, mas Cesar Lattes, mas não morde... e a reunião na delegacia foi apenas uma solução civilizada, como na Grécia antiga...


As Peladas da Ildefonso...


As chuvas torrenciais e contínuas do verão de 1966-1967, duraram todo o mês de janeiro e fevereiro... Foi muita água... muito tempo... sem parar (já era o aquecimento global ???). Foi por causa desta meteorologia isso, que conhecemos outros Meninos da Fonte da Saudade, i.e foi à partir da ruptura de fronteiras geográficas entre a rua Sacopã e o final da rua Ildefonso Simões Lopes - ambas desembocando na Fonte da Saudade. A água de chuva não escorria mais adequadamente, os solos encharcados e tudo se avolumou atrás do muro do fundo do quintal dos 'Americanos' ao ponto que o muro de separação simplesmente caiu permitindo a água e os meninos escoar livremente no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas...

Foi assim, que nós conhecemos as Peladas da Ildefonso Simões Lopes... Não eram graciosas, mas eram organizadas, sempre presentes em terreno baldio tido como 'propriedade' coletiva dos meninos...

Aos 10-11 anos, (apesar de no Brasil já há 7 anos) meu conhecimento de peladas era escasso. Peladas de rua, mesmo, apenas contra outros americanos... como éramos 5, eram geralmente 2 contra 2...Néti (Oliver) era muito pequeno... E como bons meio-americanos, herdamos boas 'pernas de pau', o que não ajudou muito nossa integração no BR...

Mario X, preparando uma 'bomba'
Tanto faz... sendo ou não 'Perna de Pau' sempre abriam-se oportunidades no terreno baldio da ISL... Por vezes, me pergunto se seria assim também as peladas em outros terrenos baldios em outras ruas do Rio...

Teriam elas também um 'Imperador Romano' vigilante, na porta de entrada, ditando quem podia, ou não entrar no terreno baldio? Estaria ele munido de espada ameaçadora? Capacete? Seria a ele de escolher o(s) goleiros do dia? Não sei não... Mas como em Roma, faça como os romanos... Assim, investindo nessa diplomacia, acredito que consegui tocar a bola uma ou outra vez com minhas canelas de perna de pau e pude admirar de perto as 'bombas' do Mario Sergio, no infeliz do goleiro escolhido do dia...